Dica de Leitura: O Milagre

Autor: Nicholas Sparks

Editora: Arqueiro

ISBN: 9788580414011

Ano: 2015 

Páginas: 288

Classificação: ✰✰✰✰ (Muito bom)  

Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Livraria Cultura 

Nicholas Sparks.

Tá aí um nome que divide opiniões entre os leitores. Uns o consideram o mais amado romancista da nossa geração, outros alegam que suas obras seguem sempre a mesma fórmula, apelando para uma morte ou a promessa de um casamento para arrancar lágrimas dos mais sensíveis. Há uma parcela divertida de leitores que apenas riem da previsibilidade das capas – duas cabeças flutuantes prestes a se beijar no centro da capa e uma imagem bonitinha do casal de mãos dadas ou observando o horizonte. E há os que apenas leem sem se unir a um grupo ou discutir gosto. Ou seja, Nicholas Sparks rende discussão. Mas contra fatos não há argumentos, o autor é um fenômeno comercial não só na literatura, visto que as adaptações para o cinema de suas obras também arrecadam milhões – e também dividem opiniões.

“O Milagre” foi relançado pela Editora Arqueiro numa capa infinitamente mais bonita – a primeira impressão do livro é da Editora Agir – e com alguns cuidados que nós, leitores, amamos. Diagramação cuidadosa, nenhum erro de português ou de impressão e uma tradução mais limpa e fiel. Tudo bacana, tudo lindo, mas e a história?

Bem, a história segue o padrão Sparksiano. Paixão, dúvidas, Carolina do Norte, fé e um final emocionante.

Jeremy Marsh é um jornalista investigativo com foco nos temas sobrenaturais, mas, cético e inteligente que é, acabou por fazer fama desmascarando charlatões e lendas urbanas. Ele recebe uma carta de uma moradora de Boone Creek, na Carolina do Norte – SURPRESA! Se bem que Boone Creek é uma cidade fictícia – com um caso que chama sua atenção. Luzes misteriosas aparecem no cemitério da cidade durante a noite e os moradores já não se aquietam devido às várias teorias que ouvem e criam.

Ao conferir a aparição das tais luzes, Jeremy já anota algumas possibilidades e passa a investigar, até que se depara com uma bibliotecária bonita, charmosa, inteligente e nada simpática, visto que ela não quer Jeremy na cidade, pois ele atrairia o tipo errado de atenção para o local. A bibliotecária se chama Lexie Darnell, ela é neta da autora da carta que apresentou Boone Creek para Jeremy. Os dois continuam a se reencontrar, lendo os pensamentos de Jeremy, sabemos que a bibliotecária roubou seu coração. E Lexie, o que sente? O destino os colocou no mesmo caminho? O que são as luzes misteriosas? Como a cidade reagirá a pesquisa de Jeremy? O que é O Milagre do título?

Premissa básica e sem inovações, certo? Certo.

Mas como romântico bobão que sou, adoro um clichê e encontrei pontos interessantíssimos no livro. Sparks encarna um jornalista e enche a narrativa de Jeremy com curiosidades e coincidências sobre a história, o que torna a história ainda mais verossímil. Os personagens coadjuvantes são cativantes e fazem toda a diferença na dinâmica do livro, que, confesso, demora a empolgar o leitor. O Prefeito Gherkin e seu amor por Boone Creek, Alvin, o melhor amigo e cameraman de Jeremy, Tuly, o senhor tagarela do posto de gasolina, Doris, uma sensível senhora que enxerga tudo antes de todos – até mesmo do leitor mais sagaz.

É justamente por causa desse monte de personagens, causos, histórias e da narrativa fluida e moderadamente detalhista de Sparks que a ambientação é quase que perfeita, chegamos a nos sentir parte daquela cidade pequena e daquele grupo de desajustados.

A resolução das histórias principais – o romance e as luzes – é coerente e o final emociona por sua simplicidade. Mas é a jornada que vale a pena!

Um dos livros menos conhecidos e menos apelativos de Nicholas Sparks – por apelativo, quero dizer que não tem um casal jovem e com corpos esculturais ou juras de amor eterno sob o pôr-do-sol –, encontra seu brilho na mente jornalista de Jeremy e na humildade dos personagens, e talvez por isso tenha me agradado.  “O Milagre” tem sua continuação – “À Primeira Vista” – também lançada pela Editora Arqueiro e, olha, toda a intensidade emocional que falta no primeiro, vamos encontrar no segundo. Ops, podia falar que já li? É, acho que não consegui esconder que gosto do autor.

Fiquem bem sempre!

Resenhado por: Tico Menezes