Livro x Filme #01 - As Vantagens de ser Invisível
Sejam muuuito bem-vindos a mais nova coluna do Desejo
Adolescente. Eu sou Tico Menezes e estarei aqui quinzenalmente fazendo
comparações e indicações de livros e suas adaptações para o cinema – e
ocasionalmente, a televisão – na coluna “O
Livro ou o Filme?”. Livros clássicos, contemporâneos, polêmicos, amados ou
odiados, nenhum livro será julgado pela capa, muito menos pelo filme. Assim
como nenhum filme será perdoado por uma adaptação horrível – TÔ FALANDO COM
VOCÊS, ENVOLVIDOS NAS ADAPTAÇÕES DE “PERCY
JACKSON”!
Preparem o marca-páginas e a pipoca. A obra que estreia nossa coluna é o
maravilhoso “As Vantagens de Ser Invisível”, de Stephen Chbosky.
ALERTA DE
SPOILER: A coluna “O Livro ou o Filme” conta com que o
leitor já esteja familiarizado com as obras indicadas, pois fará análises com
possíveis revelações sobre o enredo.
O Livro
“As Vantagens de Ser Invisível” foi
publicado em 1999, escrito por um estreante Stephen Chbosky, que disse se
inspirar em sua adolescência para escrevê-lo. É um romance epistolar, ou seja,
narrado em cartas do protagonista a um remetente desconhecido do leitor. Stephen
Chbosky tem uma prosa fácil, simples e verossímil, pois Charlie, apesar de
maduro em alguns pontos, é apenas um adolescente. E o autor transparece a
insegurança e dá indícios dos traumas do protagonista de forma sutil, porém,
sem soar como um adulto. Logo, não esperamos um romance épico com riqueza de
detalhes e uma resolução satisfatória. As cartas são cheias do ponto de vista
sensível do garoto para com as pessoas que conhece e os lugares novos que passa
a frequentar. A dinâmica entre Charlie e seus irmãos também é muito bem
explorada, sua posição ante a partida do irmão para a faculdade e os problemas
de relacionamento da irmã fica sempre bastante clara e nos diz ainda mais sobre
o garoto e o que realmente acontece em sua mente quando passa por uma situação
intensa. O que acontece com Patrick – irmão de Sam, a musa de Charlie – na
metade do livro e que têm como resposta emocional um “apagão” intenso e
violento que Charlie não sabe explicar, mas todos os outros personagens
presenciaram.


Charlie se emociona com facilidade, chora de alegria e de tristeza durante o
livro, teme pelo que ainda não aconteceu e se retrai ao começar a falar do
passado e de suas perdas, como seu amigo Michael e sua tia Helen. A personagem
Sam é um divisor de águas em sua vida, pois é uma garota bonita que não parece
inalcançável ou fútil como as outras do colégio, trata Charlie com doçura e
tenta compreendê-lo, explicando o porquê de seu romance com um cara mais velho
e incentivando-o a descobrir novas amizades e paixões. O que Charlie faz, nos
rendendo boas risadas devido a sua excentricidade e honestidade ao descrever
suas experiências íntimas. Charlie é um daqueles escritores que peca por
excesso de sinceridade, o que nos leva ao Professor Bill, uma espécie de mentor
– que também aprende muito no decorrer da estória – que divide livros, pede
atividades extras para que o bom escritor e observador que há no garoto atinja
seu potencial, mas vai além da profissão e – como os melhores professores da
escola – se torna um verdadeiro amigo.
E os amigos de Charlie conhecem um amor incondicional uma vez que tomam espaço
em sua vida. As amizades são o que o mantém vivo – e isso se estende à família,
pois antes de tudo, Charlie os ama como a seus amigos – e a história nos
entrega uma verdade universal: Amigos de
verdade são raros.
É um livro sensível, polêmico por abordar assuntos delicados, honesto e – ouso
dizer – necessário para jovens em constante descoberta. Emocionante, versátil e
psicologicamente angustiante, “As
Vantagens de Ser Invisível” conversa com o jovem, explora o sentimento
quase diário de confusão e solidão, mas aponta a luz no fim do túnel para os
“desajustados” e por isso é amado no mundo inteiro.
O Filme
A adaptação de “As Vantagens de Ser
Invisível” não podia vir de mãos mais competentes, afinal, o próprio autor
dirigiu o filme. Sim, Stephen Chbosky, além de ser escritor, foi roteirista da
adaptação do musical “Rent – Os Boêmios”
para o cinema e co-produziu a série “Jericho”
e, em 2012, dirigiu a adaptação de seu romance e recebeu muitos elogios de
público e da crítica especializada.
O que aconteceu com “As Vantagens de Ser
Invisível” foi o que a maioria dos fãs de literatura gostaria que acontecesse
com suas obras favoritas: ser comandada pela pessoa que mais conhece os personagens
e a trama. E o filme é uma aula de fidelidade ao material original, mas, por
ser uma adaptação, fez escolhas e pequenas mudanças em prol da fluência da
estória. Chbosky mostra aos fãs que é impossível um filme ser idêntico ao
livro, pois são mídias diferentes, públicos diferentes, o que requer uma
abordagem diferente, mas nem por isso é preciso sacrificar o que é amado pelos
que conhecem a obra original.
O filme parece uma obra de John Hughes (diretor de “Clube dos Cinco” e “Curtindo a Vida Adoidado”, não assistiram? Por favor, assistam!) e, assim como no livro, respeita a adolescência, não deixando nenhum personagem soar como um sábio ancião. A sensibilidade de Charlie é explorada de forma mais física e ampla, pois vemos como os outros personagens reagem por si, não só pela perspectiva do narrador protagonista. Assim como sua relação com Sam e Patrick que é maravilhosamente natural e marcada por cenas intensas e emocionantes como a primeira dança dos três ao som de “Come on Eileen e belíssima cena do túnel ao som de “Heroes” – e aqui vemos que a trilha sonora, mais um elemento vital do livro, foi respeitada e adaptada de forma certeira.
O filme parece uma obra de John Hughes (diretor de “Clube dos Cinco” e “Curtindo a Vida Adoidado”, não assistiram? Por favor, assistam!) e, assim como no livro, respeita a adolescência, não deixando nenhum personagem soar como um sábio ancião. A sensibilidade de Charlie é explorada de forma mais física e ampla, pois vemos como os outros personagens reagem por si, não só pela perspectiva do narrador protagonista. Assim como sua relação com Sam e Patrick que é maravilhosamente natural e marcada por cenas intensas e emocionantes como a primeira dança dos três ao som de “Come on Eileen e belíssima cena do túnel ao som de “Heroes” – e aqui vemos que a trilha sonora, mais um elemento vital do livro, foi respeitada e adaptada de forma certeira.
O humor encontra o balanço perfeito com o drama, o “apagão” de Charlie é
respeitado – não mostra demais, mas dá a entender o que se passou –, as cenas
em família e as reuniões com os amigos são aconchegantes e divertidas, o amor
jovem entre os personagens, a cumplicidade dos “desajustados” é orgânica e nada
parece apressado ou falso. Em muitos aspectos, a direção depende da química
entre os atores. E, uau, Logan Lerman como Charlie, Emma Watson como Sam e Ezra
Miller como Patrick dão um show de atuação, cientes das motivações de seus
personagens e reforçando a empatia com o público a cada nova cena juntos.
1° - O arco de Candace – irmã de Charlie – com o namorado abusivo até é
explorado, mesmo que minimamente, mas o que ficou de fora foi o drama da
gravidez indesejada e do aborto, que no livro aproxima ainda mais esses dois
personagens.
2° - No livro, o professor Bill fica tão próximo de Charlie que chega a
convidá-lo para um café da tarde em sua casa, na companhia de sua esposa e tem
um arco um pouco maior. Nada que afete a história, afinal, o professor ainda é
um grande amigo de Charlie, eles dividem livros e a cumplicidade entre os
personagens está ali. Ah, e a memorável frase “nós aceitamos o amor que acreditamos merecer” é citada por Bill no
livro, porém, no filme é Charlie que diz.
3° - O trauma reprimido de Charlie com Tia Helen é mais explícito no filme, com
direito a flashbacks e a cena do acidente que a matou. Assim como seu tempo no
hospital, a reação de sua família ao saber que Charlie fora abusado sexualmente
pela tia. O que é compreensível, visto que no livro, Charlie apenas conta o que
quer e o que se lembra, pois tudo é muito delicado, logo, fica subentendido
apenas.
Um livro e um filme que cumprem com a missão de serem infinitos para seu
público. É um filme que faz tão bem para a alma quanto o livro. Um raro exemplo
de obra que divide opiniões entre os fãs, pois muitos não conseguem escolher
entre o livro ou o filme.
E você, tem preferência entre as obras? Qual o próximo livro/filme querem ver por aqui?
E você, tem preferência entre as obras? Qual o próximo livro/filme querem ver por aqui?
Eu estou doida para assistir o filme e ler o livro!! Já entrou na listinha haha,
ResponderExcluirBeijinhos, Laís Scagliusi
Não li o livro, só assisti o filme mas depois desse post já estou querendo ler. Parce ter bastante coisas diferentes e deve ser super interessante :)
ResponderExcluirSorriso Espontâneo
Já ouvi falar mas nunca assisti nem li sobre.
ResponderExcluirhttp://alinesecretplace.blogspot.com.br/
Amo essa História , tanto o livro como o filme !!
ResponderExcluirhttp://alivepineapple.blogspot.com.br/
"Nós aceitamos o amor.." essa frase é dita pelo professor Bill no filme tbm, lá pelo final do filme o Charlie diz a frase pra Sam. Eu, particularmente, gostei muito mais do livro do que do filme.
ResponderExcluirEste é um dos raros casos em que o filme é melhor, normalmente os livros deixam nos mais apaixonados pelos personagens do que os filmes, mas com este foi o contrário.
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