Assédio no emprego não é normal

Foto: Divulgação/Reprodução
As aulas começaram logo. Os alunos eram
divididos em turmas de crianças, adultos e idosos. O que era muito gostoso e
divertido. As turmas infantis eram só fofura, cheia de criança inteligente
querendo descobrir ainda mais o mundo da tecnologia. Os adultos queriam acompanhar o ritmo. E os idosos, aprender, mas mal sabiam eles que eu aprendia
muito mais com cada um. Como a escola era nova e as turmas estavam sendo
formada, eu ainda não tinha o horário todo preenchido. E esse foi meu
grande problema.
O dono da escola era homem. Amigo da
família. Ele tinha dois funcionários. O outro professor, que dava aula a tarde
e um secretário. O atendente da escola foi o meu problema.
Nos intervalos entre uma aula e outra,
e nos horários vagos que eu ainda não tinha turma, eu costumava ficar dentro da sala preparando a aula, corrigindo os exercícios e configurando os
computadores. Só que infelizmente, o secretário, achava que eu não tinha nenhuma
outra tarefa, e vinha pra minha sala “fazer companhia”. Aparentemente, nada
demais. Qual o problema de dois funcionários ficarem conversando nos intervalos?
Nenhum. No entanto, ele não queria só conversar. Era o tempo todo com “cantadas”,
convite pra sair, pedindo telefone, Facebook. Se eu tivesse interessada, não
haveria problema. Mas eu não estava. Deixei isso claro mais de uma vez. A todo
o momento. E não adiantava.
Ele era amigo pessoal do meu chefe. Sem chances de fazer uma reclamação. Meu chefe era amigo pessoal da família, e quando contei a eles o que estava acontecendo, ninguém queria arrumar uma briga. De quebra, ouvi que isso era “normal”, que eu “iria ter que enfrentar coisas assim” em todos os meus empregos.
Desespero.
Que mundo é esse, que eu não posso
simplesmente ir fazer o meu trabalho, sem ter um cara me perseguindo a todo
momento?
Era só eu fechar a porta me despedindo
do último aluno que ele aparecia.
Quando eu ia beber água.
Quando eu ia ao banheiro.
Sempre.
Com olhares, palavras, assobios.
Eu simplesmente queria não me sentir diminuída
e coagida. Mas me disseram que aquilo era “normal”.
Não. Não é normal.
Pode acontecer, um romance, uma
cantada, um xaveco. Sem problemas. Se os dois quiserem (e não tiver problema com a empresa).
O que não era o meu caso.
E também não foi o caso da repórter
assediada pelo cantor Biel.
Temos que parar de criar julgamentos e
nos colocar no lugar uma da outra. Um dia foi comigo, foi com ela e pode ser
você.
A cada dia que passa, vemos como é
difícil ser mulher na sociedade. E temos que continuar nossa luta diária para
que isso acabe. É claro, homens também sofrem de assédio moral e sexual, mas a grande maioria somos nós.
Eu saí do meu emprego em três meses, não
suportei o ambiente intimidador. Nunca contei isso antes pra ninguém. Sempre disse que era pelo meu TCC. Mas meu depoimento pode servir pra ajudar e inspirar outras mulheres.
E a cada dia, em cada piada machista,
em cada comentário que me diminui, em todas as rodinhas de conversa, eu luto
para que no meu próximo emprego, eu possa trabalhar tranquilamente, e você
também.
É por todas nós.
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Nossa, Camila, que absurdo! Pelo menos nada mais grave aconteceu! =/
ResponderExcluirNunca tive que passar por algo assim diariamente, mas já tive que ouvir de um chefe em um dos meus estágios que para eu passar no TCC era "só colocar um sainha e sorrir que estava tudo certo".
Minha vontade foi de gritar na hora x.x
Espero que não aconteça mais e na próxima, denuncie, processe, compartilhe. Abusadores não podem ficar impunes...
Um beijo,
Foca no Glitter
Que horrível isso que te disseram. Continue firme no seu trabalho, e não precisa se objetificar pra conseguir o que quer. Obrigada pelo comentário, conte comigo se precisar <3 Beijo
ExcluirQue depoimento... Isso é um absurdo, nós mulheres não deveríamos passar por situações como essas, mas infelizmente a sociedade está cada vez pior em vez de melhorar.
ResponderExcluirEspero que não passe por isso nunca mais, é super constrangedor e intimidador.