Nada de novo sob o sol





Eis que surge no meu Facebook uma matéria do site Geledes com o seguinte título “20 propagandas do início do século XX que mostram como era “perigoso” o direito das mulheres”.

(Caso queiram ver, cliquem aqui, mas em suma, são cartões que tentam, a todo custo, deslegitimar a causa das sufragistas – mulheres que (pasmem!) queriam ter direito ao voto).

A cada imagem, a tentativa é de mostrar à população que essa mudança na sociedade colocaria em risco a família e o papel do homem. A mensagem é explícita: lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos e do lar (que fique claro que não há nada de errado em querer exercer esse papel, o problema é a sociedade ditar isso como regra).

Duas coisas vieram em minha mente depois que li todos os cartões: avançamos muito nos direitos e o movimento cresceu bastante por causa da semente plantada pelas sufragistas. Em compensação, percebi que o discurso por trás daquelas imagens foi substituído por outro, mantendo-se apenas o alvo: mulheres que buscam por direitos.

Não faz o menor sentido questionar hoje o direito das mulheres de votar, mas questiona-se com vigor o comprimento das nossas roupas, por exemplo. Não faz o menor sentido tentar acabar com a luta das sufragistas (porque faz parte de um contexto do século XIX), mas muitos se esforçam diariamente para invalidar o feminismo.

Percebem?

O medo de perder privilégios faz com que muitos se empenhem em nos boicotar e, por isso, espalham uma imagem errada do movimento. Que atire a primeira pedra quem nunca torceu o nariz para a palavra “feminista”, que nunca pensou que o movimento desejava a superioridade feminina, ou que era apenas um grupo de revoltadas com a vida (para não dizer coisa pior).

E isso só dificulta ainda mais nossos avanços. Poderíamos muito bem estar discutindo leis para melhorar a qualidade de vida das mulheres, ou discutindo medidas educacionais para a mudança da mentalidade, mas, no lugar disso, estamos tentando convencer as pessoas de que feminismo é uma luta justa. Sinceramente? Que preguiça!

Os cartões que ridicularizavam as sufragistas nos faz sim perceber que avançamos na luta por direitos, mas que continuamos no mesmo lugar no que diz respeito à tentativa de boicote. Espero do fundo do coração que no futuro alguém possa ler este meu texto e apenas perceber avanços, porque lutar contra opressão já é tarefa suficientemente difícil, não precisa acrescentar boicote de gente com medo de perder privilégio à lista.

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As fotos desta matéria foram retiradas do site We heart it, se alguém souber os créditos de alguma imagem, é só entrar em contato pelos comentários ou e-mail (contato@desejoadolescente.com) e nos avisar que iremos creditar.

Comentários

  1. Olá Lavínia!
    Eu nem entrei na página para conferir os cartões se não ia passar raiva. Eu fico extremamente irritada quando vejo pessoas denigrindo o movimento feminista e principalmente quando vejo que esse tipo de coisas também são faladas por mulheres. Gostaria de entender qual é o medo que as pessoas têm em que todos tenham direitos iguais. Só espero que um dia tudo isto passe, e que os ideais sejam alcançados sem tanta opressão.
    Beijos

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  2. Ei, Lara!
    Acertou em cheio: abrir o link é passar raiva!
    Também fico ainda mais chateada quando vejo mulheres dizendo isso. Me faz pensar que a opressão não só é ruim por si mesma, ela faz com que o outro não perceba. Complicado, né? Mas seguimos na luta! Nós por nós <3

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